Filosofia de bar – Napoleão & Nélida Piñon
- Marcelo Candido Madeira
- 7 de ago. de 2016
- 2 min de leitura

Napoleão é autor de frases memoráveis e gostaria aqui de citar duas pérolas por ele proferidas: “O filósofo é um péssimo cidadão” e “O melhor escritor é aquele que vende esperança”.
A primeira frase eu concordo em gênero, número e grau. O filósofo vai sempre questionar seus direitos e por isso é considerado um cidadão inquieto. A segunda, apesar de ser verdadeira não compartilha a minha opinião. Sua afirmação é correta tendo em vista escritores que vendem milhões de livros em todo o mundo vendendo esperança, mas isso não faz de nenhum deles, do ponto de vista literário, o “melhor escritor”.
Prefiro a afirmação da escritora Nélida Piñon: “A literatura é para os fortes”. Como se o escritor devesse expor com toda a sua crueza poética os infortúnios da vida, seus dramas e seus percalços. O mestre, dizem, é aquele que consegue rir de si mesmo.
Um bom livro para mim é aquele que nos faz despertar da sonolência. O leitor pode até se debruçar de sono sobre um livro qualquer, mas ao acordar ainda pensará nele, esse sim é um bom livro, aquele que não sai da cabeça e que podemos reler várias vezes, e o melhor de tudo é quando percebemos coisas diferentes a cada leitura.
Mas no final reflitamos, todo livro traz esperança. Todo livro abre diante de nós um mundo imaginário. Ao lermos uma narrativa qualquer, nós sonhamos e sonhar traz a esperança. Então seria normal afirmar que todo escritor vende esperança.
Napoleão está certo ao afirmar a frase acima, mas esquece do detalhe que ser melhor, ou não, depende do gosto de cada um. Ainda mais, nos dias de hoje, onde a boa literatura não caminha de mãos dadas com o mercado. O bom escritor é aquele condenado a ser artista num mundo materialista.
“A esperança é a última que morre”, é mais ou menos assim, não é? Ou será a esperança é a “única” que morre, nem sei mais… Mas isso tudo é filosofia de bar e se um filósofo é um péssimo cidadão, é um ótimo companheiro de copo.
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